Pesquisadora fala sobre Projeto a ser desenvolvido junto à comunidade indígena
- Detalhes
-
Publicado: Sexta, 17 Abril 2015 18:22
Selecionada pela ARII para o Programa de Bolsas de Incentivo à Pesquisa Aplicada para Professores – Comunidade Indígena Santander Universidades, a professora Ivani Ferreira (departamento de Geografia), coordenadora do curso de Licenciatura Indígena Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável, objetiva desenvolver, atendendo convite da Associação Baniwa do rio Içana e Cuiari, e da comunidade Boa Vista do Rio Içana - escola Tainá Rukena - envolvendo os povos baniwa e Baré, o Projeto “Apoio a Elaboração do Projeto Político Pedagógico Indígena”.
De acordo com a professora, a motivação para participar da seleção para o Programa de Bolsas Comunidade Indígena Santander Universidade veio, principalmente, do desejo de dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela Ufam por meio do curso de Licenciatura Indígena, realizado junto aos 24 povos indígenas, distribuído em seis turmas: Tukano, Baniwa, nheengatu – Cucui e Yanomami em São Gabriel da Cachoeira, Nheengatu – Santa Isabel do Rio Negro e Satere-Mawé em Parintins. “Para nós esta seleção significa prosseguir com os projetos que já temos, pois os custos são bastante elevados, principalmente pelas dificuldades de locomoção”.
A pesquisadora explica que nesses cinco anos de existência o curso de licenciatura Indígena além de formar professores deu aos povos indígenas do Alto Rio Negro a autonomia para decidirem sobre a realidade que os cerca, construindo a partir disso uma educação escolar indígena diferenciada, baseada na premissa de que a escola é um projeto político de um povo. “O projeto “Apoio à Elaboração do Projeto Político Pedagógico Indígena” que pretendemos desenvolver juntos às comunidades de Santa Rosa, Tapiraponta, Santa Marta, Tayassu, Arirambá, Vista Alegre, Tunui, Nazaré, Castelo Branco, Belém e Boa Vista do Rio Içana, seguirá os mesmos parâmetros do curso de licenciatura, ou seja, será concebido coletivamente, com ampla discussão pela comunidade, de forma a contemplar a proposta de aprendizagem a partir da pesquisa”, esclarece.
A aprendizagem a partir da pesquisa fundamenta-se na ideia de currículo pós-feito, ou seja, um currículo aberto e flexível elaborado a partir de problemáticas identificadas pelos próprios alunos, de forma que estes sejam sujeitos de sua própria história. “a partir da análise do contexto socioeconômico, ambiental e cultural que os cerca, os alunos indígenas constroem propostas de investigação, gerando a pesquisa e consequentemente o aprendizado e neste sentido eles se tornam autores de seus próprios destinos”, conclui.
Sobre a pesquisadora
Possui graduação em Licenciatura e Bacharelado em Geografia pela Universidade Federal do Espírito Santo (1987), mestrado em Geografia (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (1997), doutorado em Geografia (Geografia Física) pela Universidade de São Paulo (2007) e pós doutorado pela Universidade Nacional do Méxcio/UNAM e Universidade Pedagógica Nacional do México/UPN (2012). Atualmente é professora adjunto IV da Universidade Federal do Amazonas. Tem experiência na área de Geografia, com ênfase em Gestão territorial em áreas protegidas atuando principalmente nos seguintes temas: diagnóstico socioambiental em Unidades de Conservação; planejamento e mapeamento participativo em áreas protegidas (UC e TI); identidade, cultura e turismo; ecoturismo de base comunitária; Gestão do território em terras indígenas; educação escolar indígena e etnodesenvolvimento; e geopolítica ambiental. Faz parte dos Programas de Pós-graduação em Geografia (PPGEOG) e Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia (PPGCASA).
Atualmente desenvolve projeto de pesquisa intitulado “Etnodesenvolvimento em Território Indígena: manejo tradicional e cadeia produtiva da piaçava no Rio Xié/Alto Rio Negro – Amazonas” financiado pelo CNPQ/Edital Universal; de extensão: PIBID/diversidade - Subprojetos Turmas Nheengatu, Baniwa e Tukano com 60 bolsistas indígenas financiado pelo CAPES e Saberes Indígenas na Escola, com os subprojetos Tecnologias Educacionais aplicada a produção de material didático no contexto da educação indígena e Alfabetização e Letramento em contexto Bilíngue envolvendo 70 indígenas das 23 povos habitantes da região do alto rio negro.
Em agosto, a pesquisadora tem previsão de lançamento dos livros:
Geopolítica Ambiental e a produção do território no Amazonas, editora Annablume;
Gestão do Conhecimento em Terra Indígena: por uma geografia participante. Financiado pelo Edital Biblos da FAPEAM.
Sobre o Currículo Pós-feito