Nídia Regina de Sá fala a ARII sobre seu livro "Angolanidade na Educação"

Em entrevista à ARII, a professora Nídia Regina Limeira de Sá, atualmente na Universidade Federal do Rio Janeiro, fala sobre o lançamento do seu livro “Angolanidade na Educação – Fazeres lúdicos, Investigativos e culturais”, pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), a ocorrer nesta terça-feira, 29 de novembro, 2016, às 16h, no Hall do Centro de Convivência do setor Norte do Campus Universitário

ARII -  Conforme diz em seu livro, o convite para auxiliar no Projeto Pedagógico chegou no momento em que realizava estágio pós-doutoral. A senhoria poderia falar um pouco sobre essa trajetória acadêmica, ou seja, explanar sobre o doutorado (tese, local, quando, por meio de qual programa de pós-graduação) e como se deu o “gancho” para o pós-doutorado?

Nídia Regina - Este livro traz a minha pesquisa do estágio pós-doutoral realizado no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Bahia (UFBA), que aconteceu enquanto eu atuava no Programa de Pós-Graduação em Educação da Ufam. A ideia para realizar esta pesquisa surgiu no momento em que eu preparava projeto de pesquisa a ser apresentado ao PPGE/UFBA. Estava iniciando a leitura do embasamento teórico específico, que tratava do tema da ludicidade, e, naqueles dias iniciais, recebi um telefonema de um amigo que estava nos Estados Unidos, preparando-se para ir a Angola porque ele iria fazer um trabalho de apoio à escola que a ONG, na qual ele trabalha, ajudou a construir em Luanda. Eles prestam um eficiente serviço social, mas ele me disse que estava esgotado, e que sentia muito o fato de que muita gente aplaude o que ele faz, mas, pouca gente se dispõe a colaborar. Eu perguntei sobre o que eu poderia fazer? Ele me respondeu que necessitava de alguém que ajudasse a fazer o Projeto Pedagógico da escola. Imediatamente tive a ideia de modificar o projeto do estágio pós-doutoral e ir até lá para desenvolver o Projeto Pedagógico com os professores da escola, mas tendo como base a perspectiva lúdica, cultural e investigativa - que era a mesma com a qual eu iria trabalhar no projeto de pesquisa anterior.

ARII - Do problema “qual a importância dada a fazeres lúdicos, investigativos e culturais em processos educacionais escolares em Luanda-Angola atualmente”. A senhora diz ao final do livro que Angola tem dado pouca importância... Qual sua avaliação quanto à contribuição de seu trabalho haja vista os problemas que inviabilizam ações educativas lúdicas, investigativas, culturais, democráticas e de boa qualidade em Angola?

Nídia Regina - O que eu observei foi que o angolano tem uma escola muito formal, parecendo um quartel militar. Isto é uma contradição, pois, ao contrário, aquele é o povo mais alegre e lúdico que eu conheço. No entanto, quando chegam na escola, transformam-se: ficam formais, sérios, com discurso elaborado, com o tônus muscular enrijecido... Na escola, a ludicidade acaba, parece que a alegria se esvai... O objetivo da pesquisa foi o de colaborar com o debate acerca do papel da Educação no desenvolvimento do sentimento de angolanidade. Procurei identificar artefatos culturais angolanos presentes em processos educacionais e analisar procedimentos lúdicos, investigativos e culturais em atividades educacionais; creio que o meu trabalho contribuiu para fazer os angolanos valorizarem mais a sua cultura e entenderem que não precisam retirar da escola o que têm de melhor: sua alegria, sua oralidade, seu movimento, sua cosmovisão, sua dança, sua arte...

ARII - Na sua opinião qual o principal entrave para a implantação de uma proposta pedagógica lúdica, investigativa e cultural em Angola?

Nídia Regina - Aquele conjunto de povos que se denominam hoje de “angolanos”, têm uma difícil e inusitada história de luta e desafios, e, por terem sido feridos por guerras civis fraternas, ainda relacionam-se com muitas desconfianças, por isto, digo que ainda estão construindo sua “angolanidade.” Segundo um autor angolano chamado Zau, a angolanidade é o “somatório cultural de todos os grupos sociais conhecidos ou não, que alguma vez tenham afluído ao solo pátrio (angolano)”.

São muitas etnias e muitos processos sociohistóricos diferentes que compõem hoje o povo angolano, assim, um entrave a uma proposta pedagógica lúdica, investigativa e cultural em Angola é a falta de valorização da multiplicidade de suas próprias culturas e a admiração exagerada pelas tradições do colonizador. A escola angolana tem dado pouca importância aos fazeres lúdicos, aos fazeres investigativos e pouco tem utilizado sua riqueza cultural. O aspecto lúdico aparece recorrentemente na Educação Infantil (nas classes de Iniciação), mas, nas demais classes, os estudantes vão paulatinamente sendo enquadrados num estilo “militarizado”, assim, a escola angolana tem marginalizado o lúdico, e, por consequência, marginalizado o perfil infantil da criança. Os aspectos da ludicidade, da oralidade, da autoridade e da concreticidade eram aspectos valorizados na tradição angolana, mas não mais aparecem com frequência nos cotidianos das escolas. Características da cultura angolana não têm se traduzido em fazeres lúdicos e investigativos na escola, pelo menos não de modo que a caracterize. Atualmente, alguns dos aspectos tradicionais são utilizados de maneira a prejudicar, não a colaborar com o processo de ensino-aprendizagem, como é o caso da autoridade, que tem gerado uma escola altamente formal, com poucas oportunidades de investigação (individual e em grupos).

ARII -  Como criar uma identidade nacional diante do multiculturalismo existente em Angola? É possível a construção de uma identidade angolana sem o reconhecimento e valorização de uma cultura própria? Enfim, a senhora poderia falar sobre isso.

Nídia Regina - A construção de uma identidade angolana e o reconhecimento e valorização de uma cultura própria acontecerá quando eles próprios se conscientizarem dos fundamentalismos e rigores que estão na escola, mas que tiveram origem no processo de colonização e que são também consequências da guerra e da injustiça ainda presente. Quando os profissionais angolanos virem seus limites, mas, também valorizarem as culturas angolanas, despertando a ludicidade e a criatividade de professores e alunos, a alegria poderá estar na base de seus projetos pedagógicos e o sucesso será seu fruto.

ARII - Sobre os depoimentos, o que mais lhe chamou a atenção. É possível identificar um ponto em comum entre eles?

Nídia Regina - Os depoimentos são bastante sofridos, porque há apenas 14 anos o país se livrou da guerra civil, e isto após séculos de colonização. A cultura angolana sofreu golpes mortais, por isto, precisa ser valorizada e as línguas divulgadas e preservadas, sob pena de se perder um patrimônio imaterial precioso da Humanidade! Algo que ficou muito claro, para mim, é que Angola precisa consolidar a sua independência e valorizar suas culturas tradicionais, respeitando seus filhos – quer sejam adultos, jovens ou crianças – e colocando-os no caminho do conhecimento e da liberdade. Todos os angolanos precisam participar da reconstrução de seu país – e não apenas uma elite.

ARII -  Toda a história de Angola aponta para um país que está diante da superação de problemas sociais, econômicos, políticos e educacionais. Um povo sofrido que precisa se reconhecer, a impressão é que o povo Angolano está diante de um rio intransponível e que a educação holística do ser humano (matéria e espírito) seria o único transporte capaz de conduzir à construção de uma nova Angola. Assim, qual seria o seu depoimento como educadora acerca do que a senhora chamou de "angolanidade na educação"?

Nídia Regina - Do sentimento de angolanidade depende o sucesso da Educação, por outro lado, é justamente a Educação que pode fazer com que o sentimento de angolanidade seja difundido e fortalecido. A escola é um ambiente perfeito para construir diálogos construtivos, interpretativos e críticos, desenvolvendo um trabalho analítico e propositivo, tendo como pano de fundo a busca de maior compreensão sobre as crises sociais que influenciam os processos educacionais e afetam o cotidiano escolar. Meu desejo é que o fazer pedagógico investigativo/especulativo, lúdico e cultural, possa transformar a sofrida escola angolana, colaborando para ressaltar histórias, cores e risos que lá já existem, mas que se encontram ofuscadas. Assim, este trabalho foi feito com a expectativa de que sirva como um elo que fortaleça a parceria entre Angola e Brasil – até porque são nações irmãs, considerando o doloroso processo de colonização destas duas nações pelos mesmos colonizadores.

 

ARII convoca centros acadêmicos da Ufam para reunião

A Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais da Ufam convida os representantes de todos os centros acadêmicos da Universidade para reunião na próxima quarta-feira, 30, a partir das 14h30. O encontro será realizado na Sala de Treinamento da Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp), localizado no térreo do prédio da Reitoria.

A reunião tem como objetivo firmar parceria entre os Centros Acadêmicos e a Arii para a realização de pesquisa institucional a ser aplicada com alunos de cada curso e para a realização de um evento em fevereiro de 2017.

Tanto a pesquisa quanto o evento fazem parte de uma Campanha da Assessoria para fomentar a divulgação dos Programas de Mobilidade Acadêmica que são oferecidos na Ufam.

Singapura oferece bolsas para PhD

O Governo de Singapura está ofertando cerca de 240 bolsas para PhD (as inscrições estão abertas até o dia 1º de janeiro) nas áreas de Ciências Biológicas, Exatas e Engenharia pelo programa Singapore International Graduate Award (SIGA). O programa tem duração de 4 anos, a bolsa cobre integralmente os valores da anuidade; valor mensal de cerca de 2 mil dólares e auxílio financeiro para manutenção no país e para passagens aéreas. Os estudos serão realizados em inglês em qualquer uma das instituições. As atividades do programa tem início em agosto de 2017.

Os candidatos precisarão enviar para inscrição, histórico acadêmico de graduação e duas cartas de recomendação, exames de proficiência (IELTS e TOEFL) e padronizados (GRE ou SAT) podem ser enviados como documentação complementar, mas não são obrigatórios. Títulos de mestrado serão aceitos, embora não sejam obrigatórios.

Para mais informações, clique aqui

SBPC Regional promove Simpósio Satélite e I Jornada Farmacológica

A Secretaria Regional da SBPC no Amazonas, com o apoio do Programa de Educação, Saúde e Atenção ao Uso de Medicamentos (Proexti/Ufam), realiza os eventos I Simpósio Satélite da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e  a I Jornada Farmacológica do Amazonas, de acordo com o professor José Wilson Corrêa, do Instituto de Ciências Biológicas, o objetivo principal dos eventos é oportunizar aos profissionais, de mais participantes do evento, debaterem diversos temas abordando temáticas atuais relacionadas à saúde e ao meio científico com vista à promoção do progresso cientifico local.

Os eventos ocorrem nos 1 e 2 de dezembro, no auditório Sumaúma da Faculdade de Ciências Agrárias (setor sul do Campus Universitário), conforme programação em anexo.

As inscrições podem ser feitas gratuitamente até o dia 28 de novembro de 2016 por meio endereço https://www.even3.com.br/sbpc-jfa

Informações pelo email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

 

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Bolsas de Mestrado e Doutorado na França

O Programa de bolsas de Excelência Eiffel é destinado a estudantes de mestrado e doutorado que não possuam a segunda nacionalidade francesa. Além disso, há delimitação de alguns candidatos em relação à idade. Para os candidatos ao mestrado é preciso ter no máximo 30 anos no dia da avaliação do dossiê (dia 6 de março de 2017), para os candidatos ao doutorado a idade máxima é de 35 anos na mesma data. 

O valor das bolsas para o curso de mestrado é de 1.181 euros mensais e para doutorado é de 1.400 euros mensais. Estão inclusos outros benefícios, como o seguro social e uma viagem de retorno ao país de origem. As universidades francesas ficarão responsáveis por encaminhar as candidaturas dos estudantes pré-selecionados ao Campus France de Paris  até o dia 6 de janeiro de 2017.

As bolsas abrangem as seguintes áreas de estudo:

- Engenharia para o nível master; ciências da engenharia e ciências exatas para o doutorado (engenharia, matemática, física, química e ciências da vida, nano e biotecnologia, ciências da terra, do universo e do meio ambiente, ciência e tecnologia da informação e da comunicação);

- Economia e gestão;

- Direito e ciências políticas.

O programa não exige a certificação de proficiência em francês ou inglês, pois o nível estabelecido fica a critério da pré-seleção da universidade. Caso a universidade em que o estudante for encaminhado promover as aulas em inglês, será pedido o comprovante de proficiência na língua exigida.

 

Sobre o Programa

O Eiffel Excellence Scholarship Programme é organizado pelo Ministério das Relações Exteriores e Desenvolvimento Internacional da França. O programa tem o objetivo de estimular a matrícula de estudantes estrangeiros com excelente desempenho acadêmico nos cursos de mestrado e PhD das instituições de ensino superior do país.

Acesse mais informações aqui

 

 

 

 

Datas de entrega dos vouchers do curso de Idiomas a Distância

A Assessoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais – ARII informa aos candidatos selecionados por meio do Edital nº 006/2016 para o Programa de bolsas de Idiomas a Distância (inglês e espanhol) que a entrega dos códigos de acesso será feita nos dias 22 e 23 de novembro, 2016, na sala de Treinamento da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp), localizada na Reitoria. No dia 22 a entrega será das 10 às 12h e das 13 às 18h e no dia 23, a entrega tem início às 8h da manhã, com intervalo para o almoço das 12 às 13h, seguindo até às 18h. A entrega será mediante documento de identidade (RG, carteira de motorista, passaporte, carteira profissional ou carteira de trabalho) ou por Procuração reconhecida em Cartório.

Após o recebimento do código de acesso, os alunos bolsistas têm até o dia 1º de janeiro de 2017 para iniciar o curso. De acordo com o edital, os vouchers são pessoais e intransferíveis (uso irregular acarretará em cancelamento de acesso ao curso) e mesmo em caso de perda ou roubo, não serão substituídos.

Os candidatos que não obtiverem os vouchers nas datas estabelecidas devem procurar a ARII até o dia 29 de dezembro (localizada no 1º piso da Reitoria), para receberem o código de acesso. Os professores e alunos das Unidades Acadêmicas do Interior receberão seus vouchers na coordenação acadêmica das respectivas unidades a partir do dia 28 de novembro de 2016.

O prazo máximo para término do curso é até 31 de dezembro de 2017.

Informações por meio do telefone 3305-1753 ou pelo e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. 

Acesse lista dos selecionados abaixo.

 

Sobre o Programa

O Programa de Bolsas de Ensino a Distância dos idiomas inglês e espanhol é executado no escopo do Programa Amazônia 2020,   em ambiente virtual por meio de endereço eletrônico, com acesso mediante login e senha, facultando aos candidatos receberem certificado ao final do curso.

Para saber mais sobre os Programas de Mobilidade Santander, clique aqui

 

 

 

 

Universidade do Estado do Arizona oferece MBA gratuito nos EUA

A W. P. Carey School of Business faz parte da Universidade do Estado do Arizona e está com inscrições abertas para programa de MBA 100% gratuito. Os alunos interessados precisarão preencher um formulário online e enviar notas do Graduate Management Admission Test (GMAT) e Graduate Records Examinations (GRE), cartas de recomendação e resultado de exame de proficiência em língua inglesa. Históricos acadêmicos internacionais devem ser  traduzidos para a língua inglesa por tradutor juramentado. O programa tem duração de dois anos, os alunos receberão bolsas integrais, onde poderão economizar cerca de 90 mil dólares. As inscrições podem ser feitas até o dia 1º de fevereiro de 2017, quando deverá ser pago taxa de inscrição no valor de 90 dólares.

Sobre o MBA

A Universidade do Estado do Arizona é a primeira a oferecer um MBA totalmente gratuito, mas outras Escolas de Negócios no exterior também oferecem apoio financeiro aos alunos selecionados. A verba para bancar o curso dos 120 alunos que farão o MBA de graça virá de um fundo de 50 milhões de dólares doado pelo magnata do setor imobiliário William Carey.

"Intercâmbio é tudo de bom, faça", incentiva Felipe Lima

Em entrevista à ARII, o aluno Felipe Lima, do curso de Engenharia Química da Ufam, conta com entusiasmo como foi passar um ano no Japão pelo Programa Ciência sem Fronteiras, ele diz "intercâmbio é tudo de bom, faça"

 

ARII - Você sempre pensou em realizar intercâmbio? Era um sonho? Ou um grande objetivo?

Felipe Lima - Sim, sempre pensei em fazer um intercâmbio. Quando criança era um sonho, mas quando fiquei maior se tornou um objetivo e então realidade.

 

ARII - Por que o Japão?

Felipe Lima - Para falar a verdade, não sei exatamente o porquê de ser Japão. Sempre quis conhecer o Japão e quando surgiu a oportunidade, escolhi-o. Além disso, minha primeira língua estrangeira é o Japonês.

 

ARII - Relate um pouco sobre a universidade que lhe recebeu?

Felipe Lima - A universidade que eu fui é a Universidade de Osaka, terceira melhor universidade do Japão (a primeira é a de Tóquio e a segunda é a de Kyoto). A estrutura da universidade é incrível, laboratórios e salas de aulas. Os campi são gigantescos, as pessoas são muito prestativas e bem amigáveis. Os professores são muito esforçados e interessados com a pesquisa, no entanto não acho que as aulas de graduação sejam tão aprofundadas.

 

ARII - Relate sobre sua adaptação em um novo País (moradia, refeições, baixas temperaturas, integração à nova universidade, enfim o que foi difícil ou não)?

Felipe Lima - Os alunos estrangeiros ficam alocados em dormitórios da universidade, o quarto é meio pequeno, mas é possível sobreviver. As refeições são bem diferentes ao que estamos acostumados no Brasil, mas para mim como sempre fui acostumado com comida japonesa, não foi tão difícil assim. Baixas temperaturas? Quando viajei pelo norte do Japão, peguei -22 ºC e foi bem intenso, mas bem legal. A integração à nova universidade foi bem fácil, eles promovem festas de boas-vindas para os calouros e estudantes internacionais, aonde muitos alunos vão e se tem a oportunidade de interagir com outros veteranos. Além disso, meu departamento também promoveu festa de integração. Em suma, como eu falava japonês e inglês isso facilitou bastante minha integração.

 

ARII - Como foi a imersão na língua estrangeira? Você morava com brasileiros? As aulas eram em inglês? Conseguiu aprender um pouco de japonês?

Felipe Lima - A imersão na língua foi maravilhosa, não poderia ter sido melhor, pude fazer muitos amigos e participar de muitas atividades. Eu morava em um dormitório onde moravam muitos estrangeiros como chineses, taiwaneses, coreanos, australianos, estadunidenses, franceses, alemães, belgas, etc. As aulas eram em inglês e em japonês. Eu já falava japonês antes de ir, então, aprofundei-me e aprendi alguns dialetos. Toda essa imersão me rendeu certificado de proficiência em japonês (segundo nível mais alto, falta só mais um que quero tirar ano que vem talvez).

 

ARII - Fale sobre sua atuação acadêmica, quantas disciplinas cursou? algo que você ressalte, como um conhecimento novo?

Felipe Lima - Na universidade, tínhamos que desenvolver algum tipo de pesquisa, então trabalhava 8 horas por dia no laboratório. Desenvolvi pesquisa sobre novo método de armazenamento de hidrogênio possível de ser transportado e ser usado como novo combustível. Em relação às aulas, eu tive aulas sobre biotecnologia e sobre como resolver a crise energética mundial. Além de matérias sobre japonês onde realizei debates, relatórios, traduções e etc.

 

ARII - Foi possível realizar estágio, conta essa história pra gente?

Felipe Lima - Em relação ao estágio, a embaixada brasileira no Japão possui um programa de estágio onde eles lançam editais de várias empresas. Eu realizei estágio de duas semanas (sim, os estágios de lá são bem curtos) em uma empresa chamada IHI (Ishikawajima-Harima Heavy Industries). O estágio foi uma experiência muito boa, pude realizar um miniprojeto de uma planta química de produção de hidrogênio líquido, onde coloquei em prática coisas que eu aprendi em períodos anteriores e na própria empresa. As pessoas foram muito amigáveis e aprendi muito, como por exemplo, a dinâmica de uma empresa japonesa, seus processos produtivos e língua que usam em escritório (pois muda muito).

 

ARII - Além das atividades acadêmicas e de estágio você se envolveu em algo mais, tipo trabalho voluntário? era responsável por algum laboratório? participou de clubes de alunos? Envolveu-se com grupo de pesquisa?

Felipe Lima - Sim, tive a oportunidade de realizar dois trabalhos voluntários. O primeiro foi em uma escola. Fiquei responsável por dar aulas sobre o Brasil e apresentar a cultura e a diversidade brasileira. Aproveitei para ensinar brincadeira de quando era criança (escravos de Jó). A segunda experiência foi em um acampamento de verão para crianças japonesas de 6 a 14 anos. Além dos trabalhos voluntários, tive a chance de dar uma entrevista em uma rádio sobre minha experiência de intercâmbio no Japão. Também realizei pesquisa sobre hidratos de gases, uma nova possibilidade de armazenamento de gases e participei dos seguintes clubes: de brasileiros e japoneses que falam/estudam português, chamado “Café com Leite”; do  “English Café”, onde muitos estrangeiros que falam inglês se reúnem para falar inglês com japoneses; do “Japanese hour”, que são reuniões de japoneses do departamento de engenharia; do clube “Japanese table”, que reunia voluntários na universidade para conversar sobre várias coisas e juntos participar de eventos culturais; e do clube “Amigos”, onde vários voluntários se reuniam para atividades culturais e esportivas.

 

ARII - Como você avalia seu desenvolvimento pessoal após esta experiência?

Felipe Lima - Eu creio que foi incrível, porque eu pude entrar em contato com culturas tão diferentes dentro do próprio Japão. Fiz amigos japoneses, fiz amigos coreanos, chineses, australianos, europeus, estadunidenses, africanos, uma grande variedade de pessoas. Além disso, foi a primeira vez morando sozinho, então tinha que ser responsável por tudo, como contas, alimentação,resolver situações na prefeitura, plano de saúde, e muitas outras demandas, e por mais que eu já falasse japonês, nunca tinha usado dessa maneira. Em síntese, foi uma experiência incrível que me fez crescer bastante em termos pessoais.

 

ARII - Sem dúvida o CsF oportuniza efetiva experiência de novos conhecimentos, como você imagina contribuir com sua cidade e/ou País após esta experiência? Existe por exemplo, a Rede CsF criada por ex-intercambista com o objetivo de fortalecer a ciência, a tecnologia e a inovação no País você estaria disposto a se tornar um membro da Rede?

Felipe Lima - Imagino que posso contribuir mais para o desenvolvimento social, participando de atividades voluntárias, clubes, mostrando sobre o Japão; para o desenvolvimento tecnológico, entrando em contato com novos projetos e mostrando o que fiz por lá. Já ouvi falar sobre a Rede CsF e acho uma iniciativa interessante para divulgar ciência e tecnologia.

 

ARII - Uma palavra de incentivo aos alunos e professores a viverem esse tipo de experiência?

Felipe Lima - Ao fazer um intercâmbio tem-se a oportunidade de experimentar e aprender coisas novas, aprender quase tudo do zero, principalmente quando se muda para um lugar onde a cultura é completamente diferente. Aprende-se a viver com as diferenças e, no meu caso, a resolver os problemas e situações sozinho, tomar iniciativa, e muito mais. Um intercâmbio sempre significa crescimento profissional, acadêmico, social e pessoal. Profissional, pois um intercâmbio faz diferença no seu currículo; acadêmico, porque você absorve novas tecnologias e novos conhecimentos; na vida social tem-se a oportunidade de interagir com pessoas de vários lugares, assim como pessoas do local, e de participar de atividades voluntárias; em termos pessoais, volta-se melhor, mais maduro. Então, intercâmbio é tudo de bom, vale muito a pena, se tiver chance, faça!

 

ARII - Por fim conte alguma história engraçada vivida durante o intercâmbio, tipo perder o trem e dormir na estação?

Felipe Lima - Foi um ano de diversas aventuras, são tantas que fica difícil de escolher apenas uma... Mas vamos lá.  Durante as férias de verão, fui para umas ilhas no sul do Japão, em Okinawa. No primeiro dia, tínhamos planejado acampar, mas não tínhamos encontrado um local para acampar, então fomos para uma praia. Ao chegar à praia, estava tudo escuro, mas como não tínhamos mais opções, ficamos por lá mesmo. Aproximamo-nos de uma casa na praia e conversamos com a senhora que estava lá. Ela foi tão gentil que nos convidou para jantar com eles e, se não conseguíssemos dormir nas barracas, poderíamos ficar na casa dela. O interessante é que eles não disseram seus nomes e nem perguntaram os nossos. Outro momento interessante foi quando estávamos subindo uma montanha a pé com as malas nas costas e estávamos brincando de pedir carona e do nada um carro parou e a motorista nos ofereceu carona até o topo da montanha, onde era o acampamento, fomos conversando e mantemos contato até hoje. Houve um dia que dormimos no parque, pois não encontramos um local para acampar, várias pessoas andavam pelo parque, soltando fogos de artifício, foi um pouco aterrorizante. Teve também o dia que o tufão se aproximou das ilhas e ventou tanto que as barracas quase voaram e da segunda vez que o tufão se aproximou as barracas quase foram inundadas. Como disse, foram muitas aventuras...

Embaixada do Brasil na Guiana lança vaga para cargo de Diretor

A Embaixada do Brasil lançou o edital para abertura de uma vaga para o cargo de Diretor no Centro Cultural Brasil-Guiana-CCBG. Os candidatos precisam ser fluente na Língua Portuguesa e Inglêsa, possuir diploma de nível superior na área de educação, pedagogia ou cursos afins. O salário inicial é de US$ 1,850,00. A vaga possui tempo determinado de no máximo 1 ano.

As inscrições podem ser feitas via internet, preenchendo o formulário e enviando os documentos exigidos. O prazo para o envio de formulários é de 1º a 21 de novembro de 2016. Será necessária a presença física para a realização das provas e para a entrevista.

"Intercâmbio me ensinou a me acalmar", declara aluno estrangeiro da Ufam

Abdel Fadyl, atualmente no segundo período de Engenharia Elétrica, veio de Benin para a Ufam por meio do Programa de Estudante Convênio (PEC-G). Em entrevista à ARII, ele conta um pouco dessa história e diz que o intercâmbio tem lhe ensinado a se acalmar.

 

Por que vir para o Brasil?

Eu sempre quis fazer algo diferente. Desejava muito  falar outra língua, além do francês, então quando vi a notícia do intercâmbio para o Brasil, decidi candidatar-me a uma vaga. Não poderia desperdiçar a oportunidade de estudar em outro país e aprender uma nova língua. Acho que falar outros idiomas enriquece minha personalidade.

 

Integração e convivência com uma nova realidade?

Eu tive muita sorte porque aqui em encontrei muitos irmãos beninenses, isso facilitou bastante minha integração ao ambiente da cidade e à Ufam. Enfim, eu não tive um choque cultural ou mesmo qualquer dificuldade de adaptação. Meu maior esforço foi em aprender, o mais rápido possível, a falar português, fato que superei em pouco tempo.

 

Como você avalia seu desenvolvimento ao viver esta experiência?

Além de está aprendendo muito em termos acadêmicos, agora, por exemplo, eu curso oito disciplinas, posso dizer o Abdel que saiu de Benin não é mais o mesmo. Eu evolui muito como pessoa porque o intercâmbio tem me ensinado a pensar, a me acalmar e a sempre seguir em frente, sem olhar para trás.

 

Seus planos para o futuro?

Ainda não tracei um plano, sei o quanto isso é importante, mas como disse o intercâmbio tem me ensinado a ir em frente, então, estou concentrado em concluir a graduação e depois eu quero continuar estudando, mas ainda não saberia dizer exatamente o que pretendo estudar.

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