ARII entrevista o aluno Fenou Gbohounon, colaborador do evento "Dia da África"
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Publicado: Segunda, 22 Maio 2017 13:45
Fenou Mawuenan Japhet Gbohounon, de Benim, é aluno do Programa de Estudante Convênio de Graduação (PEC-G) e está cursando Arquivologia, 5º período. Ele faz parte da comissão de organizadores do "Dia da África" que esse ano será trará algumas mudanças na estrutura do evento. Fenou conversou sobre o que será de diferente esse ano e falou um pouco da sua experiência como aluno PEC-G na Ufam. O evento ocorre do dia 23 a 26 de maio, no auditório Rio Solimões no ICHL, as inscrições podem ser realizadas aqui.
Sobre o evento
"O evento Dia da África é um evento em comemoração ao Dia de Libertação da África. A data refere-se ao dia em que 32 chefes de estados africanos reuniram-se em Addis Abeba, Etiópia, no dia 25 de maio de 1963. Encontro que teve como objetivo, defender e emancipar o continente africano, libertando-o do colonialismo e do apartheid.
No ano 2013 foi criado o programa Nossa África pela Proext junto com os alunos do programa Pec-g e várias outras divisões da Ufam para comemorar esse dia; o primeiro evento chamado Primeiro Encontro do Programa Nossa África foi realizado em maio 2014."
Qual a importância desse evento para a Ufam?
"Informar a população universitária sobre o que ela não sabe do continente africano; o que a mídia nunca mostra mas que é a realidade que nós africanos vivemos. Mostrar a diversidade da Cultura africana em todos os seus aspectos e corrigir na mente dos nossos colegas estudantes da Ufam que a África não é um país mas sim um continente que tem 54 países e que nós não moramos na floresta, que temos universidades, carros, prédios e vários outras coisas que tem em todos os países desse mundo."
Como surgiu a ideia?
"A ideia nasceu tanto do interesse de comemorar a libertação da África mas também das situações delicadas que os alunos pec-g viviam (e continuem de viver até hoje) naquela época. A ignorância dos estudantes da Ufam sobre o continente africano, o racismo dos mesmos e o preconceito foram assuntos suficientes para vemos a necessidade de tal evento."
Dia da África, 2017
"O evento desse ano será diferente em vários aspectos. Um deles é a parceria esse ano do Cnpq com o programa. Outro aspecto é que esse ano o evento passou de ser chamado de Encontro a ser chamado de Seminário, nesse caso invés de que seja o IV Encontro do programa Nossa África será o Primeiro Seminário do Programa Nossa África que vai conhecer a participação de vários professores, (alguns de fora e outros daqui) e de vários grupos culturais. A outra novidade é que esse ano vai ter mini-cursos e comunicações."
Experiência como aluno PEC-G aqui na Ufam.
"Como aluno PEC-G, na Ufam minha experiência está sendo tanto ruim que boa. Ruim no sentindo que nós vivemos muitas situações desagradáveis (trata-se de racismo, de preconceito, de injúrias ou comportamentos que fazem perceber que não estou no meu lugar ou que não sou desejado). As pessoas olham de um tal jeito que eu me questiono sobre eu mesmo, ao me aproximar de uma mesa pública num lugar público dentro da universidade, as pessoas se levantem e mudam de mesa; são uns exemplos entre vários e são situações que incomodam e podem machucar. E a própria universidade (a administração) não se preocupa com isso, ela não se importar com essa comunidade estrangeira que somos dentro da Ufam, não há um olhar particular, não há uma assistência próxima e delicada e a gente se virar como ovelhas jogados em pastagem.
Mas dentro desse tudo ruim há gente boa que acolhe e que faz dizer que não é lugar que está discriminando mas certas pessoas extremistas, ignorantes, racistas e intolerantes. Não tenho muitos amigos mas sei que há gente em qual posso confiar e me sentir a vontade."
Sobre o Programa
O programa PEC-G,é gerido pelo Ministério de Relações Exteriores e pelo Ministério da Educação, oferece, aos cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais, oferece a oportunidade de realizar mobilidade em universidade brasileiras. Os acordos determinam o compromisso do aluno de regressar ao seu país e contribuir com a área na qual se graduou. Atualmente, estão matriculados na Ufam alunos oriundos do Guiné Bissau, Cabo Verde, Angola, Beni, Camarões, República do Congo, Togo, Honduras, Barbados, Haiti e Quênia.
Os alunos PEC-G's enfrentam dificuldades com a cultura e língua, muitas vezes com a burocracia quem envolve o ambiente acadêmico, o preconceito e a rejeição presentes na vida desses alunos. Mas sem dúvida a contribuição cultural e a experiência de intercâmbio tanto pra eles quanto pra nossa comunidade acadêmica, enriquece a Ufam cada vez mais. O "Dia da Árica", não é apenas uma oportunidade para eles nos apresentarem sua cultura, e sim uma oportunidade para todos nós como brasileiros conheçamos melhor a cultura da qual nossa identidade cultural foi forjada através dos anos.