Como o “gap year” pode ajudar sua carreira?

A expressão em inglês pode não ter chegado às conversas de muitos brasileiros, mas o conceito em si não é estranho. O gap year funciona como um período de transição entre a saída do Ensino Médio e o ingresso no Ensino Superior. Em outras palavras, uma pausa entre os dois pontos, em que o aluno não está matriculado ainda na graduação.

Para os interessados em estudar fora, esse período pode ajudar na preparação da application. Como o gap year permite uma “pausa” na rotina, é possível investir em outros interesses (como o aprendizado de um idioma) ou aperfeiçoamento de alguma habilidade.

No caso da mineira Karina Pimenta, que hoje faz a graduação em Harvard, o tempo fora da escola não serviu apenas para elaborar sua candidatura com calma. “Eu tirei o gap year por mim, para mim, e o que saísse dele seria uma consequência”, diz ela. “Se eu passasse em alguma universidade, ótimo. Se não, foi a melhor oportunidade que eu dei a mim mesma de crescer”.

Na lista de tarefas feitas durante o gap year, estão um voluntariado na Argentina, o tempo dedicado à fotografia e a oportunidade de trabalhar em laboratório, junto a um professor da Universidade Federal de Itajubá. Com o período de aprendizado por lá, teve contato com estudantes universitários e com o dia a dia da pesquisa em um projeto com microalgas. Durante o ano, adotou uma mesma postura: “se isso não agregar à minha application, pelo menos vai agregar alguma coisa à minha vida”.

O gap year vale a pena? Como planejar?

Não vale encarar o gap year como um período tranquilo e sem planejamento. Pode ser uma chance de mudar a rotina e mesmo a forma de aprendizado, mas exige comprometimento por parte do estudante. Para além das atividades a serem desenvolvidas nesse período, está o planejamento financeiro necessário, além do cronograma de application padrão.

Afinal, para concorrer às vagas em uma instituição estrangeira, o processo de candidatura exige uma lista extensa de documentos e testes padronizados. Entre eles, as provas de proficiência, como o TOEFL, além do ACT e SAT. Some-se a isso a necessidade de demonstrar um bom desempenho acadêmico e listar as atividades extracurriculares.

Diante de uma lista de afazeres do tipo, além dos interesses pessoais para o gap year, cada aluno traça um planejamento. No caso do paranaense Leonardo Nerone, que se mudou para São Paulo e começou uma startup, além de trabalhar como desenvolvedor na Pagar.me, empresa brasileira de pagamentos online. Ele acaba de receber os aceites da Universidade da Pensilvânia e da New York University em Shanghai e pretende estudar Ciência da Computação.

Com o tempo em São Paulo, pode explorar melhor os próprios interesses. “Foi durante o gap year que comecei a me interessar por compiladores, algo que quero muito estudar a fundo na faculdade, e também por inteligência artificial”, conta ele, que recomenda a experiência a outros brasileiros. “Se você acha que vai ser uma chance de sair da zona de conforto, um período em que vai se dedicar inteiramente a algo de que gosta, acho que vale a pena”.

Para dar conta das exigências da application, Leonardo recomenda antecedência. Nem sempre é possível obter uma boa nota na primeira tentativa e vale a pena deixar um tempo extra destinado a outras tentativas. Os essays também demandam muita atenção e revisões numerosas, até a versão final. “Antes de escrever os essays, reflita muito sobre seus interesses, características e experiências reais suas que demonstram esses traços”, aconselha o brasileiro.

Em matéria de essay, o esforço é de encontrar um assunto que siga a máxima “show, not tell” – ou seja, em que o aluno não precise nomear uma qualidade sua, mas que a demonstre em uma situação. Os exemplos de Leonardo se relacionavam ao interesse por tecnologia e empreendedorismo. “Eu falei, por exemplo, sobre como criar um sistema de login quando ainda estava aprendendo a programar mudou minha forma de resolver problemas, não só em programação”, diz ele.

O que vale fazer durante o gap year? Como isso ajuda na application?

Há muitas possibilidades, incluindo oportunidades de estudo, aperfeiçoamento de idiomas estrangeiros e experiências profissionais. O caminho certeiro para decidir é combinar uma análise sobre os próprios interesses com o tipo de atividade deseja explorar antes de embarcar para a faculdade.

Também é necessário entender como cada prática pode ser relatada na application e de que maneira se “encaixa” na história contada pelo estudante. Se a intenção é descrever como o interesse pela bancada de pesquisa atraiu o candidato à universidade, talvez uma vivência na área caia bem. Se, por outro lado, o plano é demonstrar a vontade de causar impacto social, talvez a opção mais atrativa seja um voluntariado.

Definir o que fazer durante o gap year – e como aproveitar ao máximo esse intervalo – exige autoconhecimento e um cronograma bem alinhado.

Motivos para tirar um gap year

O brasileiro Ricardo Buarque listou os motivos pelos quais tirou um gap year, antes de embarcar para a graduação nos Estados Unidos. Conheça as principais razões e confira o vídeo dele para o Estudar Fora.

1 Você pode praticar um idioma estrangeiro

Para os que precisam calibrar o inglês antes de fazer a graduação fora, essa é uma chance de se engajar em atividades relacionadas ou mesmo fazer um intercâmbio. Já os que têm um bom nível de proficiência podem dar um próximo passo.

“Também é muito importante que você saiba o vocabulário acadêmico”, opina Ricardo. Como ele explica, muitos cursos de inglês no Brasil se dedicam ao vocabulário voltado à conversação e não contemplam os termos usados na academia.

2 Um ano para estudar de forma diferente

Como tendência geral, as instituições americanas exigem menos horas em sala de aula e mais estudos independentes, feitos por parte dos alunos. Passar um ano no próprio ritmo, estudando um tema em particular, pode ajudar na adaptação.

3 Mais um tempo para montar a college list

Escolher a universidade de destino demanda tempo e pesquisa por parte do estudante. “Muitas vezes, você tem que fuçar no site da universidade por horas e horas, até encontrar razões específicas pelas quais quer ir para lá”, explica Ricardo.

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