Pedro Amorim, aluno de Engenharia de Petróleo e Gás, conta pra ARII como foi arrumar as malas e seguir para França onde passou um ano estudando na École Nationale Supérieure de Chimie de Lille (ENSCL).
Quanto vale um incentivo?
“Na verdade sabia da possibilidade de fazer intercâmbio, mas não era algo que eu tivesse colocado como um objetivo a ser perseguido, então no início de 2015 abriram as inscrições para o edital do Brafitec, coordenado pela professora Ocileide Custódio. Em conversa com um amigo da Faculdade fui bastante incentivado a me inscrever. A questão era que eu não falava uma palavra de francês, mas decidi enfrentar o desafio. Me matriculei em curso intensivo, estudava todos os dias, das 8 às 13h, durante um mês e meio. Mas, também eu ouvia música e assistia filmes em francês. Assim, consegui me submeter ao teste de proficiência e alcançar o nível exigido para participar da seleção. O que posso dizer é que sou muito grato ao meu amigo por ter mostrado que era possível viver experiência tão inesquecível”.
Venci o medo
“Quando chegou a hora de embarcar para Fortaleza, ou seja, quando eu estava em Belém me despedindo da família foi o momento em que bateu aquele medo, mas não dá pra voltar, pensei apenas: eu vou. Mas acho que esse é um medo natural, afinal realmente estamos diante de algo totalmente novo. Porém, como chegamos na França no mesmo ano em que houve o ataque terrorista à revista Charlie, nós éramos orientados pela Faculdade a sempre estar com o passaporte, pois constante haviam revistas, além disso, tomava bastante cuidando para não nos envolvermos em nenhuma situação de conflito, ou seja, toda essa situação causava um pouco de ansiedade. Eu realmente senti muito medo quando viajei da França para Noruega, sem visto, pois ainda não havia chegado, para realizar estágio. Da Noruega, eu já estava com minha passagem marcada para o Brasil, ou seja, tudo tinha que dá certo, ainda bem que tudo terminou bem”.
Aventura desde o começo
"Como sou de Belém, viajei uma semana antes de partir para o intercâmbio para rever meus pais, irmãos e amigos, enfim poder me despedir da família. Ocorre que meu passaporte com o visto ainda não havia chegado, então pedi a um colega que também havia sido selecionado para o Brafitec que recebesse o passaporte pra mim e me entregasse quando nos encontrássemos em Fortaleza, de onde sairíamos para a França. Dessa forma, eu viajei no dia 20 de julho, de 2016 para Belém, no dia 24 de meu passaporte chegou e no dia 26 foi que recebi das mãos do colega Jeferson Minho, foi quando respirei aliviado, pelo menos imaginava, pois na conexão para a França minha mala seguiu para outro destino, recuperei somente quatro meses depois".
Na França
“Durante todo o período em que permanecemos na França moramos em uma residência chamada Albert Camus, é como se fosse uma república. Lá moravam muitos estrangeiros, era um lugar bom, próximo da Universidade e que nos proporcionou imergirmos na língua, pois falávamos em francês do tempo todo. Nossa adaptação foi tranquila, pois como já morava sozinho em Manaus, não tive nenhuma dificuldade em cuidar de tudo. Quanto à minha interação social avalio como excelente, claro que os franceses são um pouco frio, como todo europeu, mas com o tempo as amizades foram surgindo, tanto na Faculdade como em outros ambientes”.
Estudos
“Avalio meu aproveitamento acadêmico como muito bom. Estudei muito, principalmente sobre petroquímica e otimização de materiais. Fiz oito disciplinas em cada semestre. Além disso, realizei estágio na Universidade da Noruega em Engenharia de Nanomateriais Aplicada à Instrumentação Off shore. Foram seis meses trabalhando em laboratório da Universidade, mas o melhor dessa experiência foi poder estudar e pratica a língua inglesa”
O que mudou no Pedro?
“Não mudei muito, acho que meus ganhos foram muito mais acadêmicos do que pessoais, talvez pelo fato de desde muito cedo administrar minha vida, no entanto, é impossível viver uma experiência dessa e não mudar, então o eu diria que aprendi a observar bastante, ser cauteloso, a ouvir e a esperar para expor minha opinião”.
Sobre o intercâmbio
“O intercâmbio é uma experiência inesquecível, animadora, que te enriquece do começo ao fim. Sim, eu acho que qualquer pessoa deve realizar intercâmbio, mas para isso ela deve esquecer as dificuldades que muitas vezes cercam esta decisão e pensar nos pontos positivos, principalmente na oportunidade de agregar valor aos seus estudos e nós sabemos que este é diferencial super importante no currículo”.