Ao sair do Rio Grande do Sul para estudar na Alemanha, Luís Fernando Marin não imaginava que o intercâmbio o levaria na verdade para a Amazônia. “Quando fui selecionado para bolsa do Programa Ciência sem Fronteiras para fazer doutorado na Alemanha meu objetivo era desenvolver pesquisa com anfíbios, assunto que estudo há doze anos”, comenta.
Mas, ao chegar na Universidade de Trier, Marin teve a oportunidade de conhecer o professor Stefan Lötters que o aconselhou a trabalhar na Amazônia. “Já fazia muitos anos que o professor Stefan pesquisava sobre anfíbios amazônicos, porém nunca teve a oportunidade de vir ao Brasil. Suas pesquisas anteriores foram feitas em países como Peru, Bolívia e Colômbia, então, me dei por convencido e com muita expectativa decidi realizar minha pesquisa na Amazônia”, conta.
Como parte das atividades do doutorado “Biogeografia, Diversidade e Evolução de Anfíbios na Floresta Amazônica”, Luis Marin esteve em Manaus de outubro a dezembro de 2015 para realizar pesquisa de campo e fala com entusiasmo sobre a experiência de respirar um pouco da Amazônia. “As coletas foram feitas entre Manaus e Macapá, nos ambientes de várzea do rio Amazonas. As viagens entre as cidades eram feitas de barco e dormíamos nas casas de pescadores, em pequenas comunidades ribeirinhas. Além de ter conseguido coletar todos os dados que precisava, aprendi muito sobre a cultura amazônica e saí apaixonado pelas paisagens e pessoas do Norte do Brasil”, relata
Para realizar jornada tão longa, Luis Marin contou com o apoio de professores e colegas da Ufam, de acordo com ele a simpatia e disponibilidade das pessoas em ajudar encantaram o grupo de trabalho da Alemanha. “Nesse contexto a participação do professore Marcelo Menin, da ARII, na pessoa da senhora Rita Costa, e do professor Marcelo Gordo, teria sido impossível a realização da parceria entre as duas universidades e sem as informações repassadas pelos professores Menin e Gordo jamais teríamos conseguido planejar as atividades de campo, uma vez que nunca havíamos trabalhado na Amazônia brasileira, então nos sentimos muito gratos e na obrigação de retribuir todo o apoio que recebemos”, registra.
Quanto ao convívio com a cultura alemã, o doutorando diz não está tendo muita dificuldade e que tem aprendido muito com o modo de viver dos alemães, principalmente quanto a forma como trabalham. “Em meus contatos diários procuro observar a forma como eles agem, como resolvem problemas, como se relacionam entre si e como encaram o trabalho, assim tenho aprendido a ser mais produtivo no trabalho, a não levar comentários para o lado pessoal, a ser mais direto e eficiente na minha comunicação. Mas acredito que a troca cultural também é interessante para os alemães, pois com os brasileiros eles aprendem a terem um pouco mais de “jogo de cintura”, a serem mais leves, menos preocupados e menos rígidos”, conclui.
Atualmente Luis Marin está na Alemanha trabalhando na análise do material coletado na Amazônia e sua expectativa é de que os resultados serão positivos quanto a descoberta de mais informações sobre os processos migratórios de longa distância dos anfíbios ao longo do rio Amazonas.
Luís Fernando Marin
Sou biólogo formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre (RS), onde fiz também meu mestrado em Biologia Animal. Trabalho com anfíbios há 12 anos e, além de fazer pesquisa, também já trabalhei com consultoria ambiental, atividades de extensão, conscientização ambiental e conservação. Entre outros projetos, ultimamente estive bastante envolvido com as atividades de conservação do sapinho-admirável-de-barriga-vermelha no Rio Grande do Sul.